Bárbara: “A mãe perfeita não chora, não se desespera, não perde a cabeça e, acima de tudo, não existe” | Foto: Lu Poroli (@luporoli.fotografia)
As participações e as conquistas das mulheres no espaço público costumam chamar a atenção, mobilizar opiniões e gerar debates. E não é para menos, né? Mas é também na vida privada que muitas mulheres vêm experimentando mudanças importantes. No Brasil, elas têm se casado cada vez mais tarde e vêm adiando a maternidade, com aumento na proporção daquelas que têm filhos após os 30 anos. Segundo o IBGE, em 2017, 35,1% de brasileiras tiveram filhos com 30 anos ou mais (em 2007, eram 25,7%), enquanto, na faixa dos 20 anos de idade ou menos, a queda tem sido gradativa e constante.
É o caso da Bárbara Urias, empresária e designer industrial, com “praticamente 30 anos” e 25 semanas de gestação. Após alguns anos de relacionamento, ela e o marido sentiram que se aproximava a hora de vivenciar o desejo compartilhado pelos dois. “Passamos alguns anos planejando nossa vida, focados no trabalho, melhorando nosso padrão financeiro, até que entendemos que era o momento”, ela diz. Quando deixaram acontecer naturalmente (livres de métodos contraceptivos), em duas semanas “o milagre aconteceu!”.
Bárbara ainda vive uma gestação, mas já compartilha das angústias de tantas mães, como a expectativa da perfeição. “Exigimos muito de nós, querendo ser a mãe perfeita. Temos todas as dúvidas e todos os medos possíveis!”, revela. Como mãe de primeira viagem, vive uma experiência nova a cada dia, incluindo ter de lidar com comentários que afirma serem desnecessários. “A maioria das pessoas acredita ter uma dica imprescindível para dar ou quer impor suas crendices”, ela desabafa.
Se já experimenta a interferência de tanta gente, vive também momentos especiais. “Sentir o bebê chutar é mágico, até quando incomoda é bom! É uma sensação inexplicável, uma conexão linda”, afirma. E pondera: “a experiência de cada mãe é única, mas há algo que é idêntico entre eu e minhas amigas grávidas. Todas nós estamos mergulhadas em inseguranças, incertezas, dores físicas e com o emocional à flor da pele. Ainda assim, um grande amor nos toma e nos dá forças para batalhar, o máximo possível, para dar todo o carinho, toda saúde, toda estrutura de que nossos bebês precisam.”
Parece mesmo haver algo que une muitas mulheres, na dor e na delícia de uma gestação. Mesmo com as transformações no mundo e da maternidade em diferentes momentos, ter filhos continua sendo uma das aventuras mais fascinantes da vida.