Ainda não é possível afirmar que as mulheres conquistaram equidade e isonomia na sociedade. Mas seja no trabalho, nas relações afetivas ou mesmo no ambiente familiar, esta luta – que vem de longa data – tem ganhado cada vez mais “aliadas” e, com isso, maior visibilidade. O direito à escolha (sem patrulha!) é uma das grandes reivindicações: escolher investir na carreira, quando casar (se este for um desejo), ter ou não filhos, permanecer no casamento, viajar sozinha, ter independência financeira. Essas escolhas nem sempre foram permitidas ao longo da história e, ainda hoje, a depender do recorte de classe, nacionalidade, etnia ou mesmo idade, a batalha pode ser ainda mais árdua.
Autonomia e bem-estar em primeiro lugar
Aos poucos, começa a chamar atenção uma geração de mulheres brasileiras, na faixa dos 30 aos 40 e poucos anos, que tem experimentado alçar voos em direções diversas. Encarar a maternidade como e quando melhor lhes convier é um deles. Além das mulheres que têm seus filhos em plena juventude, há também muitas que têm decidido experimentar a maternidade pela adoção, optado não serem mães, ou apenas adiado um pouco. Dados do Ministério da Saúde apontam que o número de mulheres que foram mães após os 40 anos, por exemplo, subiu quase 50% no país nos últimos 20 anos*.
A escolha da maternidade
E mesmo as que desejaram engravidar na casa dos 30 têm entendido esse momento como uma escolha. “O acesso fácil à informação talvez tenha sido determinante no fato de eu ter podido escolher”, diz Ruth Beirigo, 34 anos e a três meses do nascimento de sua primeira filha. Ainda que ter acesso a métodos contraceptivos não seja o único fator determinante para engravidar ou não, ela lembra que conhecer o funcionamento do próprio corpo dá poder sobre ele. “O desejo de ser mãe já existia, mas escolhi dar prosseguimento porque havia condições favoráveis de todo tipo para isso. Não deixo de lembrar que eu sempre pude escolher, algo que, infelizmente, ainda não é um direito comum, mas um privilégio”, afirma.
E não é apenas a maternidade que tem entrado em pauta, mas escolhas mais prosaicas, como viajar sozinha ou intervenções estéticas. “Amo me cuidar com todos os cremes, tratamentos e tudo mais que se possa imaginar, mas tenho tido fases de me permitir relaxar um pouco mais. Isso de respeitar meu humor, de colocar meu bem-estar em primeiro lugar tem sido ótimo para mim”, comemora Isabella Faria, 24 anos.
*Pesquisa com dados de 2015, divulgada em 2017.