Nos últimos anos, um nome vem ganhando espaço nas conversas sobre saúde, emagrecimento e controle do diabetes: liraglutida. Em clínicas médicas ou em rodas de amigos, o tema desperta curiosidade. Afinal, será que existe mesmo uma substância capaz de ajudar a controlar o açúcar no sangue e, ao mesmo tempo, reduzir o peso corporal?
Antes de qualquer resposta, vale lembrar que a liraglutida é um medicamento e, como todo tratamento, deve ser prescrito e acompanhado por um médico. Mas entender como ela funciona pode ajudar a tornar o cuidado mais consciente e responsável.
Um estudo divulgado na Revista The Lancet, em novembro de 2024, em colaboração com a OMS, indica que mais de 800 milhões de adultos em todo o mundo vivem com diabetes. No Brasil, o cenário também é preocupante: segundo o Vigitel Brasil 2023, 24,3% dos adultos são obesos, com taxas mais elevadas entre homens de 45 a 54 anos, chegando a 32,6%.
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Além disso, a prevalência de sobrepeso e obesidade entre adultos brasileiros aumentou significativamente nas últimas décadas, passando de 57% em 2023 para 75% em 2024.
A obesidade é uma condição que aumenta o risco de diversas doenças metabólicas, incluindo o diabetes tipo 2. É nesse contexto que a liraglutida se destaca, aliando ciência, tecnologia e autocuidado.
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O que é e para que serve a liraglutida?
A liraglutida é uma substância sintética que imita o GLP-1, um hormônio naturalmente produzido pelo intestino após as refeições. Esse hormônio tem várias funções importantes: estimula a liberação de insulina, reduz a produção de glicose pelo fígado e envia sinais de saciedade ao cérebro.
Em outras palavras, a liraglutida ajuda o corpo a entender quando já há energia suficiente circulando, evitando picos de açúcar e reduzindo o apetite.
Originalmente criada para o tratamento do diabetes tipo 2, a substância mostrou resultados tão expressivos na perda de peso que passou a ser usada também para o tratamento da obesidade.
Hoje, ela está presente em medicamentos como Victoza® (voltado ao diabetes) e Saxenda® (focado na perda de peso e controle do apetite).
Para quem a liraglutida é indicada?
A liraglutida é indicada para:
- Pessoas com diabetes tipo 2, especialmente aquelas que não alcançaram o controle glicêmico apenas com dieta, exercícios e outros medicamentos orais;
- Pessoas com obesidade (IMC ≥ 30 kg/m²) ou com sobrepeso (IMC ≥ 27 kg/m²) associado a condições como hipertensão, colesterol alto ou pré-diabetes; e
- É indicada também para adolescentes a partir de 12 anos em casos específicos de obesidade, sempre sob supervisão médica.
Mas vale reforçar o quanto a automedicação é perigosa. O uso da liraglutida exige avaliação individualizada, pois o organismo de cada pessoa reage de forma diferente.
O endocrinologista é o profissional mais indicado para definir se o tratamento é adequado, qual dose iniciar e como deve ser feita a evolução do uso.
Como usar a liraglutida corretamente?
A liraglutida é administrada por via subcutânea (injeção sob a pele), geralmente uma vez ao dia, no mesmo horário. Pode ser aplicada na região do abdômen, coxa ou braço, e o ideal é alternar os locais para evitar irritações.
Passo a passo prático de uso:
- Lave as mãos antes de manusear a caneta;
- Verifique a dose prescrita e se a solução está límpida e incolor;
- Escolha o local da aplicação e faça a injeção sob a pele, com cuidado;
- Guarde a caneta na geladeira (entre 2 °C e 8 °C), mas nunca congele; e
- Após aberta, pode permanecer fora da geladeira por até 30 dias, em temperatura ambiente abaixo de 30 °C.
Lembre-se: mantenha o medicamento refrigerado durante o transporte usando bolsas térmicas, especialmente em dias quentes.
Como a liraglutida age no corpo?
Pense na liraglutida como uma mensageira. Assim que entra em ação, ela avisa ao corpo que é hora de equilibrar energia e reduzir a fome.
No controle da glicose:
Ela estimula o pâncreas a liberar insulina apenas quando há glicose no sangue, o que evita quedas bruscas de açúcar (hipoglicemia). Além disso, reduz a produção de glicose pelo fígado, ajudando a manter os níveis estáveis ao longo do dia.
Na regulação do apetite:
A liraglutida age em áreas do cérebro relacionadas à fome, como o hipotálamo, promovendo saciedade mais rápida e duradoura. É como se o corpo aprendesse a dizer “já está bom” um pouco antes do prato acabar.
O que mostram os estudos clínicos?
Diversos estudos clínicos recentes confirmam os benefícios da liraglutida no manejo do peso. Um dos mais relevantes, publicado no New England Journal of Medicine em 2024, acompanhou crianças e adolescentes com obesidade ao longo de 56 semanas. Os resultados mostraram que os participantes que utilizaram liraglutida, combinada a mudanças no estilo de vida, apresentaram uma redução significativa do índice de massa corporal, enquanto o grupo que recebeu placebo teve perdas muito menores, reforçando a eficácia do medicamento como complemento a uma rotina saudável
Outro estudo, conduzido pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM, 2023), mostrou que o medicamento também melhora a sensibilidade à insulina, a pressão arterial e o perfil lipídico (colesterol e triglicerídeos).
Em pacientes com diabetes tipo 2, houve redução média de 1,3% na hemoglobina glicada (HbA1c), um marcador importante de controle glicêmico.
Esses resultados reforçam que a liraglutida não é apenas sobre emagrecimento, mas sobre melhorar a saúde metabólica de forma completa.
Comparando a Liraglutida com outras opções disponíveis
Nos últimos anos, outros medicamentos com mecanismos semelhantes ao da liraglutida também chegaram ao mercado – como a semaglutida e a tirzepatida.
Embora todos ajudem no controle do diabetes tipo 2 e da obesidade, cada um tem características próprias, que podem influenciar a escolha do tratamento médico.
| Característica | Liraglutida (Victoza®, Saxenda®) | Semaglutida (Ozempic®, Wegovy®, Rybelsus®) | Tirzepatida (Mounjaro®, Zepbound®) |
| Classe terapêutica | Agonista do receptor de GLP-1 | Agonista do receptor de GLP-1 (mais potente) | Agonista duplo dos receptores de GLP-1 e GIP |
| Mecanismo de ação | Aumenta a secreção de insulina, reduz glucagon (hormônio produzido pelo pâncreas) e retarda o esvaziamento gástrico, promovendo saciedade | Ação semelhante à liraglutida, mas com maior duração no organismo e melhor controle glicêmico | Atua sobre GLP-1 e GIP, potencializando a secreção de insulina e aumentando a perda de peso |
| Frequência de administração | 1 vez ao dia (injeção subcutânea) | 1 vez por semana (injeção) ou 1 vez ao dia na versão oral (Rybelsus®) | 1 vez por semana (injeção subcutânea) |
| Perda de peso estimada | 5% a 8% do peso corporal | 10% a 15% do peso corporal | 15% a 22% do peso corporal |
| Indicações principais | Victoza®: Diabetes tipo 2Saxenda®: Obesidade e sobrepeso | Ozempic®: Diabetes tipo 2Wegovy®: ObesidadeRybelsus®: Versão oral para diabetes tipo 2 | Mounjaro®: Diabetes tipo 2Zepbound®: Obesidade e sobrepeso com comorbidades |
| Vias de administração | Injetável (subcutânea) | Injetável (subcutânea) ou oral | Injetável (subcutânea) |
| Destaque clínico | Eficaz para perda de peso moderada e controle glicêmico diário | Maior praticidade de uso e eficácia ampliada em perda de peso | Resultados mais expressivos em emagrecimento e controle metabólico |
| Uso sob prescrição médica | Sim | Sim | Sim |
Possíveis efeitos colaterais e riscos
Assim como qualquer medicamento, a liraglutida pode causar efeitos colaterais leves, que tendem a diminuir com o tempo. Os mais comuns são:
- Náuseas, enjoo ou sensação de estômago cheio;
- Diarreia ou prisão de ventre;
- Dor de cabeça; e
- Cansaço leve.
Em raros casos, podem ocorrer pancreatite (inflamação no pâncreas) ou reações alérgicas à substância. Por isso, qualquer sintoma persistente deve ser avaliado imediatamente pelo médico.
O uso não é indicado para pessoas com:
- Diabetes tipo 1;
- Cetoacidose diabética;
- Histórico familiar de câncer de tireoide; e
- Alergia conhecida à substância ativa.
Como potencializar os resultados do tratamento
A liraglutida não faz milagres e não é uma fórmula rápida de emagrecimento. Os resultados mais consistentes aparecem quando há um cuidado integral com o corpo e a mente.
1. Alimentação equilibrada:
Procure um nutricionista para adaptar a dieta às suas necessidades. O uso da liraglutida pode reduzir o apetite, mas o foco deve ser a qualidade dos alimentos.
2. Prática de atividade física:
Movimentar o corpo ajuda a queimar gordura, melhorar o humor e potencializar os efeitos da medicação.
3. Acompanhamento psicológico:
Mudanças de comportamento alimentar exigem suporte emocional. Ter acompanhamento terapêutico pode fazer toda diferença.
4. Monitoramento médico constante:
Somente o médico pode ajustar doses, avaliar resultados e indicar o tempo seguro de tratamento.
Equilíbrio é a verdadeira conquista
A liraglutida representa um avanço importante na medicina moderna – especialmente para quem luta contra o diabetes tipo 2 e a obesidade. Mais do que uma substância, ela é um instrumento de apoio ao autocuidado, que, aliado a hábitos saudáveis, pode transformar a relação das pessoas com o próprio corpo e a saúde.
Mas é fundamental lembrar: o acompanhamento profissional é o pilar do sucesso.
Na Araujo, você encontra medicamentos com liraglutida, com segurança, procedência e orientação farmacêutica de confiança.
Fontes:
Ministério da Saúde, Organização Mundial da saúde (OMS),
Relatório Global sobre diabetes,
New England Journal of Medicine
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM),
