Sentir-se sem energia, desmotivado e com a sensação de que nada faz sentido pode acontecer com qualquer pessoa. Mas, quando esses sentimentos persistem e começam a interferir na rotina, é hora de ficar atento: pode ser depressão, um transtorno que requer diagnóstico e acompanhamento adequado.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 332 milhões de pessoas no mundo vivem com depressão, segundo o relatório atualizado em 29 de agosto de 2025. No Brasil, a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) indica que 10,2% da população adulta já recebeu diagnóstico da doença, o que representa cerca de 17,2 milhões de brasileiros. Esse cenário coloca o país entre os líderes mundiais em casos da doença, evidenciando a necessidade urgente de atenção à saúde mental.
A depressão pode afetar qualquer pessoa, mas, felizmente, existe tratamento e é possível recuperar a qualidade de vida. Neste artigo, vamos explicar o que ela é, seus sintomas, tipos, causas e formas de tratamento, para que você possa entender melhor essa condição que impacta tantas vidas.
O que é depressão?
É um transtorno de saúde mental caracterizado por uma tristeza profunda e persistente, acompanhada de perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas, além de alterações emocionais, físicas e cognitivas.
É diferente de estar apenas triste por um momento difícil. A depressão interfere no dia a dia, prejudicando a capacidade de trabalhar, estudar, se relacionar e até realizar tarefas simples, como se alimentar ou cuidar da higiene pessoal.
Especialistas classificam a depressão em três estágios principais:
- Leve: sintomas presentes, mas a pessoa ainda consegue manter algumas atividades do dia a dia, embora com dificuldade;
- Moderada: maior impacto na vida pessoal e profissional, com prejuízos significativos na rotina; e
- Grave: sintomas intensos, podendo levar a pensamentos suicidas ou incapacidade de realizar atividades básicas.
Atente-se: se você ou alguém próximo apresentar sinais de depressão grave ou pensamentos suicidas, procure ajuda imediatamente. No Brasil, o Centro de Valorização da Vida (CVV) atende pelo número 188, 24h por dia e de forma gratuita.
Depressão vs. tristeza vs. ansiedade: como diferenciar
É comum confundir a depressão com tristeza ou ansiedade, mas existem diferenças importantes. Entender essas distinções ajuda a identificar os sinais corretamente.
Depressão vs. Tristeza
A tristeza é uma emoção natural, geralmente ligada a um motivo específico, como o fim de um relacionamento ou a perda de um emprego. Ela costuma ser passageira e melhora com o tempo ou com mudanças na situação.
Já a depressão não depende necessariamente de um motivo externo. A pessoa pode sentir tristeza profunda mesmo quando tudo parece estar bem. Além disso, os sintomas persistem por semanas ou meses, trazendo impacto direto na rotina.
Depressão vs. Ansiedade
A ansiedade é caracterizada por preocupação excessiva e sensação constante de alerta. É como se a mente estivesse sempre antecipando problemas futuros.
Embora possam ocorrer juntas, a depressão está mais ligada a uma falta de energia, apatia e desinteresse pelo presente.
É possível que uma pessoa tenha as duas ao mesmo tempo, condição conhecida como transtorno misto ansioso e depressivo.
Causas da depressão
A depressão não tem uma causa única. Ela surge a partir da combinação de fatores biológicos, genéticos, psicológicos e ambientais. Alguns dos mais comuns incluem:
- Genética: histórico familiar de depressão aumenta a predisposição para desenvolver a doença;
- Desequilíbrios químicos no cérebro: alterações em neurotransmissores, como serotonina e norepinefrina, afetam o humor e a motivação;
- Eventos traumáticos: perdas, violência ou situações de estresse intenso podem desencadear a doença;
- Doenças crônicas: condições como diabetes, hipertensão e problemas hormonais estão ligadas a maior risco de depressão;
- Estilo de vida: falta de sono, sedentarismo, uso abusivo de álcool e drogas podem agravar os sintomas.
Segundo estudo publicado na Revista Brasileira de Psiquiatria, pessoas expostas a estresse contínuo têm até 2,5 vezes mais chances de desenvolver depressão.
Tipos de depressão
A depressão pode se manifestar de diferentes formas, apresentando sintomas como falta de prazer nas atividades do dia a dia e sentimento de desesperança em relação ao futuro. Os tipos mais comuns são:
- Depressão maior: caracterizada por episódios intensos e persistentes, que duram no mínimo duas semanas;
- Distimia (ou transtorno depressivo persistente): sintomas mais leves, porém crônicos, que podem durar anos;
- Depressão pós-parto: afeta mulheres após o nascimento do bebê. Estima-se que 1 em cada 7 mães enfrente esse tipo de depressão;
- Transtorno bipolar: alterna episódios de depressão com períodos de euforia (mania); e
- Depressão sazonal: relacionada a mudanças climáticas, como ocorre no inverno em alguns países.

Sintomas da depressão
Os sintomas da depressão podem variar de pessoa para pessoa, mas os mais comuns incluem:
- Tristeza intensa e persistente;
- Falta de energia e cansaço constante;
- Perda de interesse em atividades antes prazerosas;
- Alterações no apetite e no sono (insônia ou sono excessivo);
- Dificuldade de concentração e tomada de decisões;
- Sentimentos de culpa ou inutilidade;
- Irritabilidade e impaciência;
- Dores físicas sem causa aparente, como dor de cabeça e no corpo; e
- Pensamentos sobre morte ou suicídio.
Se esses sinais persistirem por mais de duas semanas, é importante buscar orientação médica ou psicológica.
Como tratar a depressão?
A depressão tem tratamento, e quanto antes ele for iniciado, melhores são as chances de recuperação. O acompanhamento deve ser feito por profissionais de saúde, como médicos psiquiatras e psicólogos.
Os principais métodos incluem:
1. Psicoterapia
É considerada uma das abordagens mais eficazes no tratamento da depressão. A terapia ajuda a pessoa a entender seus sentimentos, desenvolver estratégias para lidar com eles e melhorar a qualidade de vida.
2. Medicamentos antidepressivos
Em alguns casos, o médico pode prescrever medicamentos que equilibram os neurotransmissores no cérebro. O uso deve ser sempre supervisionado por um profissional, evitando a automedicação.
3. Mudanças no estilo de vida
Pequenas mudanças diárias podem fazer grande diferença, como:
- Praticar atividades físicas regularmente;
- Manter uma alimentação saudável;
- Dormir bem;
- Reduzir o consumo de álcool e evitar drogas; e
- Criar uma rotina com momentos de lazer e relaxamento.
Segundo a Harvard Medical School, exercícios físicos regulares podem reduzir os sintomas da depressão em até 30%.
Se você quer saber como dar os primeiros passos, confira nosso conteúdo completo: Exercício físico: principais benefícios e como começar.
A Araujo está com você nessa jornada
A depressão pode parecer um desafio enorme, mas você não precisa enfrentá-la sozinho. Com tratamento adequado, acompanhamento profissional e o suporte certo, é possível retomar a alegria de viver.
Seja para tirar dúvidas, buscar informações ou adquirir os itens necessários para o seu tratamento, conte conosco para estar ao seu lado em cada etapa desse processo.
*Fontes:
Programa de Ação para a Lacuna em Saúde Mental (mhGAP) da OMS,
Glossário de Saúde Do Einstein,
OPAS,
OMS,