Para gerar uma nova vida, o corpo da mulher vive transformações profundas. Muda o corpo e muda a cabeça também. E não importa se as mulheres têm idades e estilos de vida completamente diferentes, na hora de gestar um filho, elas compartilham dúvidas e inquietações semelhantes.
Reunimos em um guia algumas das respostas a essas dúvidas sobre gravidez com a orientação da médica Ana Lunardi CRM/MG – 39643 (@dra.analunardi), especialista em Ginecologia, Obstetrícia e Reprodução Humana, com Doutorado e Pós-doutorado pela UFMG e Università di Siena, na Itália. Ana Luiza é também professora de Ginecologia e Obstetrícia na Faculdade de Medicina da UFMG.
Quantos dias de atraso menstrual é considerado gravidez?
Nem todo atraso na menstruação indica gravidez. Ultrapassar a data da menstruação em poucos dias é comum; é o que pode ocorrer, por exemplo, com mulheres com ciclos irregulares. E existem muitos fatores para um atraso menstrual, como o estresse, o excesso de atividade física, a disfunção da tireoide, uma variação grande do peso corporal, a síndrome dos ovários policísticos, entre outros.
Só um teste pode, de fato, indicar que o atraso é por causa da gravidez. “Se você suspeita da gravidez e o teste der negativo, ele pode ser repetido depois de 48 horas para confirmação”, explica Ana Luiza Lunardi.
Se você descobriu que está grávida, é importante marcar uma consulta o quanto antes com um médico obstetra. A medida é importante para que o profissional possa avaliar suas condições de saúde e a do bebê.
Primeiros sintomas de gravidez
- Atraso menstrual
- Sonolência excessiva
- Seios com mais volume
- Mama dolorida, hipersensibilidade dos mamilos
- Escurecimento das aréolas
- Salivação intensa
- Sonolência incomum, mesmo durante o dia
- Náusea, tontura e vômito
- Mudança de apetite
- Maior frequência para urinar
A médica doutora Ana Luiza afirma que “os sintomas da gravidez são inespecíficos” e que, em alguns casos, podem “parecer com o início de uma gripe”. Vale lembrar que, no início da gravidez, algumas mulheres podem apresentar apenas um dos sintomas, vários deles ao mesmo tempo ou nenhum.
Quando fazer o teste de gravidez? Teste caseiro funciona?
Quando o óvulo, já fertilizado, se fixa na parede uterina, o organismo libera quantidades pequenas do hormônio da gravidez, chamado hCG. Ele pode ser detectado na urina, seja por testes de farmácia ou pelos de laboratório.
Em geral, os testes de farmácia podem detectar a gestação após atraso menstrual de 1 a 5 dias. Com o teste de sangue, contudo, “a gravidez já pode ser detectada no primeiro dia de atraso para mulheres com ciclos regulares”, nos conta Ana Luiza. O exame de sangue é somente o que oferece 100% de confiabilidade.
O que faz perder o bebê no início da gravidez?
Apesar de uma culpabilização materna, perder o bebê no início da gradivez não é culpa da mãe: “praticamente não tem a ver com o que a mãe fez ou deixou de fazer”, afirma Ana Luiza. O que acontece, geralmente, é uma má formação do embrião ou algum outro problema nos processos da gravidez que independem de atitudes e cuidados da mãe.
Mas alguns cuidados valem para a gestação inteira: “não consumir bebida alcoólica ou drogas, não tomar muito café, não fumar e não realizar automedicação, usar repelente e estar vacinada”, aponta.
O que é gravidez anembrionária?
Nem todo óvulo que é fertilizado e que chega ao útero se desenvolve e se torna um embrião. Isso é o que se chama de gravidez anembrionária. Com o não desenvolvimento do embrião, se forma um saco gestacional vazio que pode acarretar em testes positivos de gravidez, apesar de não ter nenhum embrião em desenvolvimento.
O que é gravidez ectópica?
Para o desenvolvimento do embrião e a continuidade da gravidez é necessário que o óvulo fecundado vá para o útero. Isso nem sempre acontece e é chamada de gravidez ectópica. Esse óvulo adere a alguma outra superfície, em geral nas trompas, e começa a se desenvolver. Infelizmente, não há procedimentos para “corrigir” o lugar para o óvulo e a gravidez é interrompida antes de oferecer sérios riscos à mulher, como uma hemorragia grave e até mesmo morte.
Primeiros cuidados na gravidez
“O ideal de toda gravidez é que ela seja planejada”, nos conta Ana Luiza. Esse planejamento geralmente já vem acompanhado de vários cuidados, como o uso de vitaminas e o controle da alimentação. Entretanto, os cuidados a seguir devem ser seguidos em toda gravidez:
1. Pré-natal
“O pré-natal com um médico é o que vai mudar o desfecho da grávida e do bebê”, afirma a médica doutora. Esses encontros com o médico devem acontecer ao menos seis vezes durante a gravidez. No início da gestação, as consultas devem ser mensais. A frequência muda ao final e passam a ser semanais. Durante as consultas de pré-natal a obstetra observa a grávida e realiza “exames para o controle e a prevenção”, nos conta Ana Luiza. Esses exames clínicos investigam, por exemplo, alterações de pressão, a medida da barriga da grávida e até o batimento do coração do bebê.
2. Exames
Além dos exames realizados no consultório durante o pré-natal, o médico pode solicitar uma série de outros exames, como os de sangue e urina. Alguns são incontornáveis: tipagem sanguínea e Rh, para as mães que não tiverem certeza, o hemograma completo, glicemia colhida em jejum, sorologia para sífilis e anti-HIV, além de urocultura e parasitológico de fezes. Contudo, outros exames complementares podem ser solicitados. Por isso, é sempre importante o acompanhamento médico para que ele possa avaliar a necessidade de exames.
3. Ultrassonografia
A médica doutora atesta: “ultrassons são importantes desde o início, para visualizar o número de embriões e se o embrião está dentro do útero”. No ultrassom, acompanhamos o crescimento e o desenvolvimento do bebê, além de verificar a normalidade do líquido amniótico, se a placenta está inserida, a circulação sanguínea e a oxigenação.
Entretanto, a quantidade de ultrassons vai variar de gravidez para gravidez, mas alguns estão sempre presentes. Ela indica que o “de 12 semanas que é o primeiro morfológico que detecta doenças cromossômicas e o que é realizado entre 22 a 24 semanas em que se observa todos os órgãos do bebe, conta-se os dedinhos, a formação do lábio e do palato e se tem alguma alteração grave no coração, cérebro ou coluna”.
4. Alimentação
Apesar de popularmente se achar que a grávida agora come para suas pessoas, isso não é verdade. “A demanda energética aumenta por volta de 300 calorias por dia somente”, explica Ana Luiza. O importante é ter uma boa fonte de proteína e cálcio, como peixes e queijos. A alimentação deve ser variada e equilibrada, o prato colorido. A regra deve ser: “desembalar menos e descascar mais”. Assim, a comida fica mais natural e saudável.
O prato típico brasileiro para o almoço está de bom tamanho: arroz, feijão, carne, salada. Além disso, Ana Luiza indica sempre frutas e que tenha “sempre um pouco de vitamina C, ao menos uma vez por dia, com uma laranja ou limão”. O peixe e o azeite são importantes também pela presença de ômega-3 e ômega-6.
Outros cuidados também são importantes, como não comer carne crua ou mal passada porque pode ter toxoplasmose que pode ser uma doença muito grave no bebê. Por causa desse mesmo motivo deve-se lavar bem frutas com casca e verduras e evitar queijo e leite não-pasteurizados”, diz.
5. Atividade física
Diferentemente do que o senso comum costuma acreditar, a atividade física é boa para a gravidez. Entretanto, as de alto impacto devem ser evitadas. “É seguro e bom que a grávida se movimente durante todo o pré-natal”, afirma a médica doutora. Mas ela faz um alerta: “se a mulher não realizava atividades físicas, ela não pode virar uma crossfiteira ou corredora de alta performance, mas deve realizar caminhada ou pilates, por exemplo”.
Para quem já realizava atividade física, ela pode ser mantida, diminuindo somente um pouco a intensidade. “É importante que as grávidas sejam monitoradas por profissionais durante o exercício e que o façam com o aval da obstetra”, explica. É imprescindível, também, que a mulher escute seu corpo: se sentir tontura ou cólica, por exemplo, o exercício deve ser interrompido imediatamente.
6. Automedicação
A automedicação deve ser sempre evitada, principalmente na gravidez. Mesmo o remédio mais corriqueiro e simples que se usa no dia-a-dia para uma dor de cabeça, azia ou dor nas costas pode não ser recomendado durante a gravidez. “Tudo precisa ser mostrado para a obstetra para verificar se pode ou não ser utilizado na gravidez”, salienta Ana Luiza.
7. Descanso
O descanso é fundamental durante a gravidez, tanto para o bem-estar da mãe quanto do bebê ainda na barriga. Ter um número de horas dormidas suficientes todas as noites e o corpo não exaurido diminui o risco de parto prematuro, por exemplo. Muitas grávidas têm dificuldade para dormir por causa da barriga, portanto vale lembrar: a melhor maneira de se deitar de lado e, preferencialmente, do lado esquerdo, uma vez que facilita a circulação do sangue entre a mãe e o bebê.
Com quanto tempo de gravidez a mama fica dolorida?
A mama dolorida é um dos sintomas da gravidez, mas o incômodo pode acontecer com mais ou menos intensidade. Em geral, a dor aparece por volta da terceira ou quarta semana de gravidez e não tem um período exato para cessar. Em algumas mulheres o incômodo desaparece no fim do primeiro trimestre, mas ele pode se estender até o final. É importante sempre informar à obstetra esses e outros incômodos.
O que fazer para amenizar a azia?
A azia é comum na gestação. Ela ocorre porque o hormônio da gravidez, a progesterona, age no estômago e no intestino, deixando-os relaxados. A mesma coisa acontece com os esfíncteres, que fazem com que o alimento não volte do estômago para o esôfago. “Com os esfíncteres relaxados, o alimento retorna mais fácil”, afirma Ana Luiza”.
Ela dá algumas dicas para aliviar o desconforto: “Comer pequenas porções, várias vezes por dia, observar quais alimentos causam mais azia, evitar cafés, refrigerantes e outras bebidas gasosas, e não se deitar logo depois de comer”. Ainda é possível se utilizar de remédios para aliviar os sintomas, mas somente o que for indicado por sua obstetra.
Calculadora de gravidez
A calculadora de gravidez indica a idade gestacional e pode se guiar por alguns parâmetros. O mais comum deles é a data da última menstruação, mas também pode ser tomado como base a indicação de data provável do parto ou o resultado de algum ultrassom.
Nem todo mundo sabe que se convencionou a contar o primeiro dia da gestação como o primeiro dia da última menstruação. Apesar de a mulher não estar grávida naquele dia, ele é utilizado como base. A data de concepção costuma acontecer duas semanas depois.
Semanas de gravidez
- 4 semanas gestação
O cordão umbilical (responsável por transportar nutrientes e oxigênio) começa a se formar e o embrião tem mais ou menos 2 mm.
- 5 a 8 semanas de gestação
Tem início a formação de órgãos internos, orelhas, mãos e dedos e ele multiplica em dez vezes o seu tamanho, atingindo, em média, 20 mm.
- 9 a 13 semanas de gestação
O bebê já está formado, mas seus órgãos ainda funcionam de forma rudimentar. É nesse período que começa a atividade cerebral. O bebê poderá ter mais ou menos 70 mm.
- 14 a 17 semanas de gestação
A mãe começa a sentir os movimentos do bebê. A pele começa a engrossar e ele começa a ouvir os primeiros sons. É possível que o feto já tenha atingido, aqui, até 17 cm.
- 18 a 22 semanas de gestação
O cérebro se desenvolveu ao ponto do bebê já possuir tato e ser capaz de sugar e deglutir. Seu tamanho costuma ser de, mais ou menos, 25 cm.
- 23 a 27 semanas de gestação
O bebê conquistou o seu primeiro quilo. Ele começa a chupar o dedo enquanto começa a perceber a luz no exterior da barriga. É provável que o bebê tenha por volta de 34 cm.
- 28 a 31 semanas de gestação
Essa é a fase em que o bebê ganha mais peso. Ele também começa a tomar a posição cefálica, de cabeça para baixo dentro da barriga. Aqui o bebê chega aos 40 cm.
- 32 a 35 semanas de gestação
Durante esse período o bebê começa a desenvolver seu sistema imunológico. O ganho de peso continua e ele ocupa o útero inteiro. Chegamos aos 45 cm.
- 36 a 42 semanas de gestação
A partir da 37ª semana o bebê já atingiu a maturidade e está pronto para nascer. É o que se costuma chamar de bebê a termo. Da 38ª semana em diante, o trabalho de parto já pode acontecer a qualquer momento.
