Manchas de pele: você já teve? Elas costumam causar um grande desconforto em mulheres — mas não só nelas, em homens também! O que fazer quando elas surgem? É possível tratá-las com produtos para serem usados em casa? Para entender melhor esse assunto, conversamos com o médico Jorge Menezes (CRM/MG19854), cirurgião plástico e mestre em cirurgia plástica pela Universidade Federal de São Paulo.
Por que uma pele fica manchada?
Manchas ou alterações na pele significam primordialmente fotoenvelhecimento, ou seja, é a pele sob o impacto dos raios ultravioleta da luz solar, sofrendo com a perda de hidratação, o afinamento da pele, o aparecimento da flacidez, de manchas, de pintas e de sardas. Pode ser também em decorrência do avançar da idade, de alterações genéticas ou mesmo de doenças. Trata-se de um dano cutâneo, e as manchas seriam uma espécie de fotografia desse dano. E ela sofre bastante, uma vez que age como um escudo de proteção contra bactérias, fungos, radiação, poluição, entre outros.
Além do envelhecimento extrínseco (de fora para dentro), sendo mais comum o já citado fotoenvelhecimento, há o interno, que provoca a perda de tecidos de sustentação da pele, uma menor vascularização e uma renovação celular mais devagar. Ele se relaciona diretamente com a genética — ou seja, seremos bem parecidos com o que nossos familiares são —, mas também com uma perda hormonal, com o estresse oxidativo da nossa pele e com a alimentação. É verdade que o consumo excessivo de açúcares prejudica a pele, existe até um fator que se chama glicação.
Vale lembrar também que a poluição, o tabagismo, o alto consumo de álcool e o estresse são fatores agressores à saúde da pele.
O que pode ser feito para evitá-las?
O principal é levar uma vida saudável, fugindo dos fatores de estresse, cultivando boas noites de sono, adotando uma alimentação equilibrada e hidratando-se bastante, uma vez que a ingestão de água repercute na hidratação da pele. É também fundamental adotar o uso diário de itens de proteção à pele, como filtros solares, chapéus e óculos, e evitar a exposição solar entre 10h e 16h, assim como realizar diariamente uma limpeza adequada do rosto, retirando a poluição acumulada sobre a pele.
É verdade que as manchas surgem mais comumente em mulheres?
De fato, elas são mais frequentes no sexo feminino, justamente por fatores hormonais, pelas disfunções tireoidianas (mais comuns em mulheres) e pelas gestações — um dos principais fatores de surgimento de manchas no rosto, os melasmas. Sabemos que os melasmas atingem 10,7% das gestantes.
Ativos como a vitamina C e o ácido glicólico são hoje bastante comuns nas fórmulas de produtos dermocosméticos. Eles podem ser usados como clareadores? Que outros ativos têm função semelhante?
Sabemos que, para o processo de rejuvenescimento e de recuperação dos danos provocados à pele, existem hoje vários procedimentos e ativos. Entre eles, o uso de ácidos é bastante difundido, seja na forma de peelings clareadores, peelings firmadores, peelings para rejuvenescimento, peelings para tratamento específico de acne, entre outros. Uma das principais funções dos ácidos é ser um antioxidante, ou seja, combater o mal que os radicais livres provocam na pele, levando ao aparecimento de manchas e ao envelhecimento cutâneo. Podemos citar alguns:
– Ácido ferúlico: é uma substância natural muito utilizada para potencializar a proteção da pele por meio de fatores antioxidantes e, principalmente, como complementação a fatores de proteção solar.
– Ácido glicólico: é um dos grandes “coringas” de tratamento de melhora de pele, de maneira geral. Ele acelera as trocas cutâneas, retirando a camada superficial mais envelhecida e superficializando uma camada mais profunda, com células mais novas e sem vícios, melhorando, assim, o rejuvenescimento da pele. Ele propicia ainda um clareamento e uma maior síntese de colágeno na derme, oferecendo uma melhor textura cutânea.
– Ácido kójico: é muito usado para tratar as manchas mais escuras da pele, promovendo uma diminuição da intensidade dessas manchas e favorecendo o rejuvenescimento da pele. É especialmente usado no tratamento do melasma e como coadjuvante no tratamento da acne.
– Ácido ascórbico: também conhecido como vitamina C, oferece uma superproteção à pele, principalmente em suas camadas mais profundas. Ele está bastante relacionado à diminuição do aparecimento do câncer de pele e à redução acentuada do seu envelhecimento.
Que cuidados tomar na hora de usá-los? Há alguma contraindicação?
É fundamental uma avaliação com um profissional médico especializado na área. Ele poderá identificar possíveis alterações de pele, assim como os tipos de envelhecimentos que estão em curso, ou seja, o que a pele já manifestou de degeneração em função das agressões diárias. Apenas a partir dessa avaliação será possível identificar qual a real necessidade e quais os tratamentos indicados. Há produtos com formas diferentes de usos, com horários distintos de aplicação (diurno, noturno), com um período de permanência específico, com limite semanais, entre outros. É preciso estar atento a isso. O cuidado deve ser rigoroso e o uso regrado. Uma vez que vários desses ativos são absorvidos pela pele, caindo na corrente sanguínea, é preciso um cuidado ainda maior em se tratando de pessoas com doenças crônicas ou com algum histórico familiar de alergia a essas substâncias. No caso das grávidas, é extremamente necessária uma avaliação médica anterior ao uso de qualquer produto para a pele, e não apenas de ácidos. Vale lembrar que muitos deles não são permitidos durante a gestação.