Você já parou para pensar que o excesso de peso, obesidade e sedentarismo podem ser mais perigosos do que parecem? Além de afetar a autoestima e o bem-estar, a obesidade está diretamente ligada a uma série de doenças graves que podem comprometer a saúde a longo prazo. E o pior: muitas vezes, elas se desenvolvem em silêncio.
Neste artigo, vamos conversar sobre as principais doenças relacionadas à obesidade, explicar por que elas acontecem e mostrar como pequenas mudanças podem fazer toda a diferença na sua qualidade de vida.
Quando o corpo dá sinais de alerta: o que é considerado obesidade?
Antes de falarmos sobre as doenças, vale entender o que caracteriza a obesidade. De forma simples, a obesidade é o acúmulo excessivo de gordura corporal, geralmente medido pelo Índice de Massa Corporal (IMC).
Um IMC acima de 30 já é considerado obesidade. Mas não é só o número na balança que importa: o excesso de gordura, principalmente na região abdominal, pode prejudicar o funcionamento do organismo de várias formas — e é aí que mora o perigo.
Diabetes tipo 2: o doce amargo da obesidade
Essa é uma das primeiras doenças que vêm à mente quando se fala em obesidade – e com razão. Estima-se que mais de 90% dos casos de diabetes tipo 2 estejam associados ao excesso de peso e à falta de atividade física.
Isso acontece porque o acúmulo de gordura, especialmente visceral (aquela que se acumula ao redor dos órgãos), interfere na ação da insulina – o hormônio responsável por controlar os níveis de açúcar no sangue. O resultado? Glicose em excesso na corrente sanguínea, que pode causar sérios danos no corpo ao longo do tempo.
Pressão nas alturas: a obesidade e a hipertensão arterial
Imagine um encanamento com muito mais líquido do que ele suporta. A pressão vai aumentar, certo? É mais ou menos isso que acontece no nosso corpo com a hipertensão.
O excesso de gordura provoca uma inflamação sistêmica e subclínica, ou seja, em geral, a inflamação não é notada nem nos exames laboratoriais. A obesidade também altera a produção de hormônios e aumenta o volume de sangue circulando, o que exige mais esforço do coração. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, cerca de 70% dos casos de hipertensão estão relacionados ao sobrepeso e à obesidade.
Ataque ao coração: doenças cardiovasculares e risco elevado
Coração acelerado, artérias sobrecarregadas e gordura em excesso: essa combinação é explosiva. A obesidade está fortemente associada ao aumento do colesterol ruim (LDL), à diminuição do colesterol bom (HDL) e ao acúmulo de placas de gordura nas artérias — o que pode levar a infartos e AVCs.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo, e a obesidade é um dos fatores de risco mais importantes — e um dos mais controláveis.
Apneia do sono: quando a respiração pede socorro
Você ronca ou conhece alguém que ronca alto, e acorda cansado mesmo após horas na cama? Pode ser apneia do sono, um distúrbio que faz a pessoa parar de respirar por segundos (ou até minutos) durante a noite.
A obesidade aumenta o risco porque o excesso de gordura na região do pescoço e das vias aéreas pode dificultar a passagem de ar. E o que parece “só um ronco” pode, na verdade, impactar diretamente o coração, o humor e a memória.
Articulações em alerta: quando o peso pesa demais
Joelhos, tornozelos, coluna… nossas articulações não foram feitas para carregar tanto peso por tanto tempo. A obesidade aumenta a pressão sobre essas estruturas, favorecendo o desgaste das cartilagens e o surgimento de dores crônicas e doenças como a osteoartrite (artrose).
Pessoas com obesidade têm até quatro vezes mais chances de desenvolver problemas articulares. E o ciclo pode ser cruel: a dor leva à inatividade, que leva ao ganho de peso, o que aumenta ainda mais a dor.
Gordura no fígado: o inimigo silencioso
Você já ouviu falar em esteatose hepática? Conhecida como “gordura no fígado”, essa condição afeta quase 30% dos brasileiros, especialmente aqueles com sobrepeso ou obesidade.
Apesar de, muitas vezes, não apresentar sintomas, a esteatose pode evoluir para quadros graves como hepatite gordurosa, cirrose e até câncer de fígado. E tudo isso sem consumo excessivo de álcool, o vilão aqui é o acúmulo de gordura mesmo.
Obesidade e sedentarismo: dupla que precisa de separação urgente
Além das doenças que citamos, a obesidade, somada ao sedentarismo, pode abrir as portas para outros problemas, como:
- Depressão e ansiedade (a saúde mental também sofre);
- Cânceres (mama, intestino, esôfago, rim e outros);
- Varizes e tromboses (devido à má circulação); e
- Síndrome metabólica (conjunto de fatores de risco como glicose alta, hipertensão e gordura abdominal).
É como se o corpo gritasse por socorro em várias frentes ao mesmo tempo.
E tem como prevenir tudo isso? Tem sim!
A boa notícia é que a maioria dessas doenças pode ser prevenida — ou até controlada — com mudanças simples na rotina. Não é sobre dieta da moda nem treinos intensos. É sobre equilíbrio e constância:
- Alimentação balanceada: invista em frutas, legumes, grãos integrais e proteínas magras. Evite ultraprocessados;
- Movimente-se mais: 30 minutos por dia de caminhada já fazem diferença;
- Durma bem: o sono regula hormônios ligados à fome e ao metabolismo;
- Busque apoio: acompanhamento médico e psicológico pode ser essencial;
- Controle o estresse: ele também interfere no ganho de peso e na saúde como um todo.
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Obesidade é uma questão de saúde, não de estética
Mais do que números na balança, a obesidade carrega impactos profundos no funcionamento do corpo. Entender as doenças associadas é o primeiro passo para cuidar melhor de si.
Se você ou alguém da sua família está nessa jornada, saiba que não está sozinho. E não precisa mudar tudo de uma vez — comece pelo que está ao seu alcance hoje. Pequenas atitudes geram grandes transformações!
Este artigo foi revisado pela médica endocrinologista Dra. Thaís Pereira Costa Magalhães CRMMG 36771 drathaismagalhaes.com.br