Você já se perguntou se o peso corporal pode influenciar a capacidade de ter filhos? A resposta é sim, e a relação é mais forte do que muita gente imagina. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade é hoje um problema de saúde global que atinge mais de 1 bilhão de pessoas e está ligada a alterações hormonais, metabólicas e inflamatórias que comprometem a fertilidade feminina e masculina.
Para quem sonha em engravidar, entender como a obesidade afeta a fertilidade é um passo fundamental para buscar soluções seguras e eficazes. Vamos lá?
Saiba mais: Obesidade: como prevenir com hábitos saudáveis e escolhas conscientes no dia a dia
Como a obesidade afeta a fertilidade?
A fertilidade depende de um delicado equilíbrio hormonal e metabólico. Quando a pessoa tem obesidade, a gordura corporal não serve só como reserva de energia: ela age como um órgão que produz hormônios e substâncias inflamatórias em excesso. Esse desequilíbrio pode atrapalhar o funcionamento dos ovários nas mulheres e dos testículos nos homens, prejudicando a ovulação e a produção de espermatozoides.
Segundo especialistas da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida, para uma gravidez com menos riscos, o índice de massa corporal (IMC) considerado ideal para mulheres está entre 20 e 25. Valores acima de 30 já podem comprometer a ovulação e dificultar a concepção.
Na prática, isso significa que:
Em mulheres
A obesidade pode provocar ciclos menstruais irregulares, ausência de ovulação (anovulação) e alterações no endométrio, reduzindo as chances de implantação do embrião.
Um estudo do Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism apontou que mulheres com obesidade têm até três vezes mais dificuldade para engravidar, mesmo com técnicas de reprodução assistida como a fertilização in vitro (FIV).
Dica prática: pequenas reduções no peso já fazem diferença. Perder 5% a 10% do peso corporal pode melhorar a ovulação e aumentar as chances de concepção.
Em homens
A obesidade pode levar à diminuição da testosterona, redução na produção e na motilidade dos espermatozoides e até mudanças na morfologia, afetando a capacidade de fecundação.
Embora o assunto seja mais discutido no universo feminino, a obesidade prejudica a fertilidade masculina de forma significativa. Estudos mostram que homens com obesidade têm maior risco de oligospermia ou azoospermia – ou seja, cerca de 28% mais chances de apresentar baixa ou nenhuma contagem de espermatozoides em comparação com homens com peso saudável.
Dica prática: atividade física regular não só ajuda na perda de peso, como também melhora a qualidade do sêmen.
Esse conjunto de alterações explica por que a obesidade é considerada um dos principais fatores de infertilidade modificáveis, ou seja, que podem ser revertidos com acompanhamento e mudanças no estilo de vida tanto em mulheres quanto em homens.
Riscos da obesidade durante a gravidez
Mesmo quando a concepção acontece, a obesidade ainda pode trazer riscos à mãe e ao bebê. Entre os principais:
- Diabetes gestacional e hipertensão;
- Pré-eclâmpsia, condição potencialmente grave para mãe e bebê;
- Maior risco de parto prematuro e cesárea;
- Macrossomia fetal (bebê com peso muito alto); e
- Maior probabilidade de complicações anestésicas.
Tratamento de fertilidade para pessoas com obesidade
O tratamento deve ser multidisciplinar, envolvendo endocrinologistas, ginecologistas, urologistas, nutricionistas e, em alguns casos, especialistas em reprodução assistida.
Passos recomendados:
- Avaliação médica completa: para identificar causas associadas, como SOP (Síndrome dos Ovários Policísticos), resistência à insulina e distúrbios hormonais.
- Mudança no estilo de vida: alimentação equilibrada e atividade física adaptada à rotina.
- Acompanhamento nutricional: plano individualizado, evitando dietas restritivas que possam afetar a saúde.
- Medicamentos para perda de peso: indicados em casos específicos, sempre com supervisão médica.
- Cirurgia bariátrica: para casos graves, quando outros métodos não surtem efeito – lembrando que, após o procedimento, recomenda-se aguardar 12 a 18 meses antes de tentar engravidar.
- Reprodução assistida: com FIV, inseminação artificial ou indução de ovulação, após otimizar o peso corporal para aumentar as chances de sucesso.
Orientações para engravidar
- Estabeleça metas realistas: foco na perda gradual e sustentável de peso;
- Cuide da saúde mental: ansiedade e estresse afetam a fertilidade;
- Durma bem: má qualidade do sono está ligada à resistência à insulina e ao desequilíbrio hormonal;
- Pare de fumar e modere o álcool: ambos impactam negativamente a fertilidade; e
- Monitore seu progresso: com exames e acompanhamento profissional.
O cuidado começa antes da gestação
A obesidade afeta a fertilidade por mecanismos complexos, mas que podem ser revertidos com orientação e tratamento adequados. O importante é agir cedo: cuidar do peso antes de tentar engravidar melhora as chances de concepção e reduz riscos na gravidez.
Leia mais: Gravidez: um guia para os primeiros passos!
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*Fontes:
Organização Mundial da Saúde (OMS),
Associação Brasileira de Reprodução Assistida,
Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA),
Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism,
Este artigo foi revisado pela médica endocrinologista Dra Thaís Pereira Costa Magalhães CRMMG 36771 drathaismagalhaes.com.br