Talvez você não conheça pelo nome, mas já deve ter ouvido falar de casos em que o embrião se implanta fora do útero. Essa condição é chamada de gravidez ectópica e pode acontecer em aproximadamente 1 a 2% de todas as gestações.
Neste artigo, vamos abordar de forma clara e acolhedora sobre o que é a gravidez ectópica, seus principais sintomas, causas, riscos e como é feito o tratamento.
Gravidez ectópica ou gravidez fora do útero
Em uma gestação, o óvulo fecundado caminha pelas trompas uterinas até o útero, onde se fixa e começa seu desenvolvimento. Já na gravidez ectópica, o embrião se implanta fora do útero, geralmente nas trompas, mas também pode ocorrer nos ovários, colo do útero ou cavidade abdominal.
Segundo o Ministério da Saúde, a gravidez ectópica representa cerca de 1 a 2% das gestações. Pode parecer pouco, mas o risco de complicações graves, como hemorragia interna e infertilidade, torna esse tipo de gravidez um tema que exige atenção e informação.
Quais são os sintomas da gravidez ectópica?
Um dos maiores desafios é que, no início, os sintomas de uma gravidez ectópica podem se confundir com os de uma gravidez comum ou com cólicas menstruais. Mas, com o tempo, surgem sinais mais característicos:
- Dor abdominal ou pélvica intensa e localizada, geralmente de um lado;
- Sangramento vaginal leve ou escuro, diferente de uma menstruação comum;
- Tontura ou sensação de desmaio;
- Dor no ombro, causada pela irritação do nervo frênico devido a sangramento interno;
- Desconforto ao urinar ou evacuar; e
- Pressão pélvica.
Esses sintomas costumam aparecer entre a 5ª e a 8ª semana de gestação. Se você está nessa fase e percebe qualquer um desses sinais, procure um médico com urgência. Diagnosticar cedo é fundamental para evitar complicações graves, como a ruptura da trompa e hemorragias.
O que causa uma gravidez ectópica?
Não há uma causa única e definida para a gravidez ectópica, mas diversos fatores podem dificultar o percurso normal do óvulo fecundado até o útero e aumentar o risco de implantação fora do local ideal. Entre os principais fatores estão:
- Doença inflamatória pélvica (DIP): infecções sexualmente transmissíveis, como clamídia e gonorreia, podem causar inflamação nas trompas e deixá-las parcialmente obstruídas, dificultando a passagem do óvulo até o útero.
- Cirurgias pélvicas anteriores: procedimentos como retirada de cistos, miomas ou apendicite podem gerar aderências e cicatrizes, alterando a anatomia das trompas e comprometendo sua função.
- Endometriose: o tecido que reveste o útero, ao crescer em outras regiões da pelve, pode afetar a função das trompas e aumentar o risco de implantação anormal do embrião.
- Histórico de gravidez ectópica: uma mulher que já teve esse tipo de gestação tem um risco significativamente maior de ter novamente.
- Uso de DIU (dispositivo intrauterino): embora seja altamente eficaz para prevenir gestações, em casos raros onde a fecundação acontece, o local de implantação pode ser inadequado, favorecendo a gravidez ectópica.
- Tabagismo: o cigarro interfere no funcionamento das trompas, prejudicando o movimento dos cílios que ajudam o óvulo a chegar ao útero.
- Tratamentos de fertilização, como a fertilização in vitro: mesmo com acompanhamento médico, esses procedimentos podem aumentar o risco de implantação fora do útero.
Além desses fatores, a idade também pode influenciar: mulheres acima de 35 anos apresentam um risco ligeiramente maior. Isso porque, com o tempo, as trompas podem sofrer desgaste funcional (movimentação mais lenta, cílios menos eficientes) e acúmulo de danos estruturais por infecções, cirurgias ou condições como endometriose. Isso tudo dificulta o transporte do embrião até o útero, favorecendo a implantação no lugar errado, geralmente nas próprias trompas.
Nem sempre é possível prevenir uma gravidez ectópica, mas conhecer esses fatores e manter o acompanhamento médico frequente, principalmente ao tentar engravidar ou nas primeiras semanas da gestação, pode fazer toda a diferença.
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Gravidez ectópica tem cura?
Sim, tem tratamento, e quanto mais cedo for diagnosticada, maior a chance de preservar a saúde da mulher e sua fertilidade futura. No entanto, é importante entender que essa gravidez não evolui para o nascimento de um bebê, pois o embrião não está no local adequado para se desenvolver.
Apesar do impacto emocional que esse diagnóstico pode causar, também é um momento de olhar para si com carinho e buscar suporte médico e emocional.
Como é feito o diagnóstico?
A avaliação clínica é o primeiro passo. Se houver suspeita de gravidez ectópica, o profissional pode solicitar:
- Ultrassonografia transvaginal, que permite visualizar se o embrião está dentro do útero.
- Exames de sangue para medir o hormônio beta-hCG: em uma gravidez, os níveis dobram a cada 48 horas. Já na gravidez ectópica essa evolução costuma ser mais lenta.
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Em alguns casos, pode ser necessária uma laparoscopia diagnóstica, um procedimento minimamente invasivo para confirmar o local da gestação e iniciar o tratamento.
Tratamento para gravidez ectópica
O tratamento depende do tamanho do embrião, dos sintomas e do estado de saúde da mulher. As principais abordagens incluem:
1. Tratamento medicamentoso
Nos casos em que a gravidez ectópica foi detectada precocemente, sem risco iminente de ruptura da trompa, é utilizado o medicamento metotrexato, que interrompe o crescimento celular do embrião.
Este tratamento requer acompanhamento frequente com exames de sangue até que o beta-hCG volte ao zero, evitando cirurgia e preservando a trompa.
2. Cirurgia laparoscópica
Se o embrião já estiver grande ou houver risco de rompimento da trompa, o tratamento será cirúrgico. Geralmente, utiliza-se a laparoscopia, técnica menos invasiva que permite a remoção do embrião e, se possível, a preservação da trompa.
Em casos mais graves, pode ser necessária uma laparotomia (cirurgia aberta) e a retirada total da trompa afetada.
Gravidez ectópica pode gerar bebê?
Não. Como o embrião não está no órgão adequado, ele não recebe os nutrientes e espaço necessários para se desenvolver. Mais do que isso, representa um risco real para a vida da mulher. Por isso, a intervenção é urgente e essencial.
O mais importante é entender que uma gravidez ectópica não significa o fim do sonho de ser mãe. Com orientação adequada, muitas mulheres conseguem ter uma nova gravidez segura no futuro.
Quando devo procurar ajuda?
Ao menor sinal de dor abdominal intensa, sangramento fora do padrão, tontura ou suspeita de gravidez sem confirmação uterina, busque atendimento médico imediatamente. A rapidez no atendimento é essencial para evitar complicações.
Mesmo antes da confirmação, o ideal é iniciar o pré-natal o quanto antes. Isso permite detectar qualquer irregularidade e agir a tempo.
Acolhimento, informação e cuidado
Falar sobre gravidez ectópica pode ser doloroso, mas é também um gesto de coragem. Compartilhar conhecimento é uma forma de acolher e salvar vidas. Se você está passando por isso, saiba que não está sozinha.
Por isso, conte com a Araujo para cuidar da sua saúde em todos os momentos. Temos especialistas, serviços de apoio e um blog com conteúdos que informam com empatia.